Especialistas debatem Nova Ordem Mundial em evento promovido pelo Sistema CNA/Senar

Encontro acontece na terça (6), em São Paulo
Brasília e São Paulo (06/05/2025) - O evento “Cenário Geopolítico e a Agricultura Tropical”, promovido na terça-feira (6) pelo Sistema CNA/Senar, em parceria com o Estadão e a Broadcast, reuniu, no segundo do dia, especialistas para debater a “Nova Ordem Mundial”.
Participaram da discussão Marcos Troyjo, ex-presidente do Banco dos Brics; Oliver Stuenkel, professor da FGV e pesquisador do Carnegie Endowment e da Universidade de Harvard; e Welber Barral, sócio-fundador da BMJ e ex-secretário de Comércio Exterior. A mediação foi conduzida pelo jornalista da CNN Brasil, William Waack.
Para Oliver Stuenkel, a população estava habituada a um mundo com ausência de riscos e pela presença de uma única potência. No entanto, o que se vê hoje, levando em conta a rivalidade e tensão permanente entre Estados Unidos e a China “é o que vemos há pelo menos cinco anos, e isso não depende do presidente Trump”.

“Já vínhamos assistindo à erosão daquele grande acordo entre China e EUA, que começou a ruir no final do governo Obama.” Segundo ele, em vez de sonhar com o retorno da “tranquilidade”, é necessário se adaptar.
Na sua avaliação, “estamos diante de um cenário mais fragmentado, e me parece que, em vez de sonhar com a volta do antigo, precisamos nos acostumar.”
Para Welber Barral, o momento será de muitas oportunidades, riscos e mudanças geopolíticas. “É claro que há muitas hipóteses, tentando analisar as grandes tendências, como o aumento das zonas de influência americana e a chinesa, e a tentativa da Europa se manter como liderança no mundo, apesar das divergências internas”.
Segundo ele, esse cenário pode gerar oportunidades para o Brasil, especialmente para o agro. “Em 2030, o Brasil terá 60% da produção global de soja, vai ter aproveitamento de mercados onde os EUA aumentarem as medidas comerciais, o Brasil vai produzir até 90 milhões de toneladas de milho, diversificar para a Índia e outros países asiáticos, que vai aumentar o consumo de proteína”.

Já Marcos Troyjo ressaltou a importância do agro brasileiro na discussão. “O agro ficou importante demais por uma combinação entre competência interna, trabalho, e por conta de um ambiente externo, a geopolítica foi para o centro do palco”.
Ele apontou também que há três eventos que vão funcionar para o agro do Brasil. “Um será a presidência Trump, com os Estados Unidos muito poderosos. A segunda é a oscilação popular e a terceira é o fato que as principais forças da demanda global serão os países emergentes, e isso representará uma nova altura de voo para o agro brasileiro”.

Na visão de Troyjo, a China não deve utilizar a segurança alimentar, considerada como um dos pilares da geopolítica, na mesa de negociação com os Estados Unidos. “O único país no mundo que tem a agilidade e a capacidade de funcionar quase como um substituto perfeito e automático ao fluxo de alimentos que vem tradicionalmente dos Estados Unidos e da China é o Brasil”, afirmou.